terça-feira, 31 de maio de 2011

Coca-Cola, Santander e SKY entram em favelas para vender mais



Com a pacificação das favelas do Rio de Janeiro, algumas empresas começam a enxergar a oportunidade de se aproximar dos consumidores da base da pirâmide. As comunidades estão se tornando pontos de investimentos de marcas como Sky, Santander, Capemisa e Coca-Cola que estão de olho em potenciais clientes nestas localidades. As estratégias utilizadas vão desde a realização de eventos à instalação de lojas para a comercialização de produtos e serviços.
Além da oportunidade de promover suas marcas a partir de ações de Responsabilidade Social, as empresas também procuram captar novos consumidores. Com o aumento da renda, nos últimos anos, os públicos das classes C e D estão gastando mais e tendo acesso a produtos que anteriormente não poderiam consumir. Mas não basta apenas oferecer os produtos aleatoriamente aos clientes, é preciso educar os consumidores sobre as vantagens de obter o que lhes é oferecido.
A Sky foi uma das primeiras empresas a investir nas favelas. A operadora de TV via satélite criou em setembro de 2010 um serviço próprio para as comunidades pacificadas, que estreiou na Cidade de Deus, conjunto de favelas da Zona Oeste do Rio de Janeiro. O Sky UPP oferece 89 canais ao preço de R$ 39,90 e é voltado especialmente para os consumidores de comunidades pacificadas. Com um preço mais acessível, o produto tem o objetivo de atrair o interesse dos consumidores e combater os “gatos” na comunidade, que chegam a custar, em média, R$ 30,00.
Diálogo com consumidores é necessárioMas nem todas as empresas aguardaram a expulsão dos traficantes das favelas para iniciar seus trabalhos. Já em 2008, dois anos antes da intensificação dos combates, a Capemisa Seguros instalou seu primeiro ponto de venda na Rocinha, comunidade da Zona Sul do Rio de Janeiro. Em 2011, a seguradora inaugurou a segunda unidade, desta vez, no Complexo do Alemão, em abril.
Para as marcas terem sucesso nestes locais, não basta apenas abrir uma loja. É preciso comunicar aos consumidores os produtos que estão sendo comercializados e instruí-los sobre os benefícios. “Nosso objetivo nas favelas é abordar um público que ainda não teve acesso ao seguro, nem sempre por questões financeiras, mas às vezes por falta de informação”, explica Laertes Lacerda, Diretor Comercial da Capemisa, em entrevista ao Mundo do Marketing.
À primeira vista, as favelas são muito parecidas. Antes de se lançar nesta empreitada, no entanto, as empresas devem ter um amplo entendimento do terreno em que estão andando. “É preciso conhecer a lógica das comunidades. O conceito das marcas deve dialogar com o pensamento destes consumidores. Ele não quer ser igual aos outros clientes, deseja que as empresas falem sua própria língua”, diz Renato Meirelles, Sócio Diretor do instituto de pesquisa Data Popular, em entrevista ao portal.
Com o objetivo de promover identificação entre a marca e os consumidores, a seguradora contratou dois moradores do Complexo como corretores. Para esclarecer os habitantes do Alemão sobre os serviços comercializados na agência, a Capemisa contou ainda com promotores de vendas também da própria região, visitando a casa das famílias para divulgar o seu portfólio de produtos.
Oportunidades para negóciosOutra empresa que investe em uma estratégia semelhante é o Santander. A marca também chegou ao Alemão antes da pacificação, inaugurando uma agência em maio de 2010. Hoje, após um ano, a empresa começa a colher os frutos da iniciativa, contabilizando pouco mais de mil clientes no local. Os investimentos também buscam promover o desenvolvimento social e cerca de 70% do quadro de funcionários da agência é formado por moradores da comunidade.
Para permitir uma melhor compreensão das finanças por parte dos consumidores e estimular a venda de serviços bancários, o Santander promove em parceria com o AfroReggae núcleos de estudos e palestras sobre economia doméstica e administração. “O Complexo do Alemão tem cerca de 90 mil microempreendedores, que procuram nosso serviço de microcrédito para ampliar os seus negócios e aumentar o seu faturamento”, diz Marisa Monteiro, Gerente Executiva de Eventos e Patrocínio do Santander, em entrevista ao portal.
Além das linhas de microcrédito, outro serviço muito procurado pelos consumidores é a Poupança. À medida que os moradores vão adquirindo conhecimento sobre como administrar sua vida financeira, há um despertar do interesse por investir e aplicar o que foi aprendido. Mas é importante lembrar que o relacionamento com as marca deve ir mais adiante do que a simples transação da compra. É necessário estar presente em outras ocasiões junto aos consumidores.
Eventos como forma de relacionamentoÉ o que faz a Coca-Cola para fortalecer sua marca junto aos moradores do Complexo do Alemão. A empresa participou do “Desafio da Paz”, uma maratona realizada no último dia 15 e patrocinada pelo Santander, para angariar fundos para ONGs da comunidade. Foram mais de mil inscritos e entre os participantes havia atletas profissionais e pessoas da comunidade.
Durante a competição, que teve seu trajeto baseado na rota de fuga dos traficantes em novembro de 2010, a Coca-Cola realizou ativações de marca, com a distribuição de batecos infláveis para a torcida e camisas com a mensagem “Razões para acreditar. Os bons são maioria”, reforçando a ligação entre marca e o novo momento vivido pela comunidade.
O Santander também utilizou o evento para fortalecer o vínculo com os moradores, que puderam se inscrever gratuitamente na agência do Complexo. O banco doou ainda R$ 15 mil ao final da corrida para as ONGS Ler é 10, Descolando Ideias e Leia e Favela. Para chegar a este valor, a empresa contabilizou o somatório da quilometragem de todos os participantes da competição e multiplicou por três, dessa forma envolvendo todos os atletas no resultado.
“Nosso objetivo é deixar algo a mais para a comunidade. À medida que outras favelas forem pacificadas, a intenção é ampliar nossas ações para estas localidades, mais do que produtos e serviços”, afirma Andréia Torto, Coordenadora de Marketing do Santander, ao Mundo do Marketing.






Por Cláudio Martins, do Mundo do Marketing

domingo, 15 de maio de 2011

Como planejar uma campanha de email marketing












Pesquisa recente do Mundo do Marketing em parceira com a TNS Research sentencia: o marketing digital chegou para ficar, e está presente no cotidiano de 90% das empresas que atuam no Brasil. O email marketing lidera (com folga) o ranking das ações realizadas, com 80% de citações, seguido por redes sociais (67%) e links patrocinados (53%). O sucesso do email marketing, entretanto, gera algumas distorções, como a simplificação excessiva do processo e a falta de foco nas campanhas. Não se pode disparar mensagens e esperar passivamente pelo retorno. É preciso planejar, e muito.
“Um bom planejamento minimizará erros, dispersão de esforço e consequentemente de verba, e aumentará significativamente a probabilidade de um bom retorno da campanha”, afirma Abílio Queiroz, sócio da Insight Media, responsável pela gestão das campanhas de email marketing de empresas como a Só Com Desconto. Cliente da VIRID com o uso da plataforma de email marketing Virtual Target, a Insight Media realiza campanhas com diferentes escopos. Há desde as que atingem somente nichos de mercado, até campanhas maiores, que impactam de 200 mil a 400 mil pessoas.
Complexo, o planejamento das campanhas de email marketing inicia-se bem antes da criação das peças a serem disparadas. Afinal, em primeiro lugar, é preciso estabelecer quem irá recebê-las. “Validar a base de contatos é imprescindível”, afirma Walter Sabini Jr., CEO da VIRID Interatividade Digital. “Com disparo em massa de mensagens não se constrói um mailing forte. Email marketing funciona melhor quando usado após um primeiro contato”.
Uma base sólida de cadastros provém de diferentes fontes, como links patrocinados e redes sociais, canais que podem servir de chamariz para um relacionamento futuro. No caso da Insight Media, que realiza cerca de 100 ações de email marketing por mês, as bases utilizadas têm origem em seus próprios sites. Atualmente, a empresa conta com mais de 150 sites e portais como clientes, dos mais diversos assuntos e, portanto, diversos perfis de público.
“Efetuamos também a locação de bases para sites pequenos e médios, que não dispõem de recurso para esse tipo de atividade do nosso mercado”, afirma Queiroz. “Apenas solicitamos ao cliente que em sua página de cadastro, ou nas condições de uso de seu site, expresse o opt-in para ações de e-mail marketing realizadas pela Insight Media”.
O que trafegar
Estabelecida a base de contatos, é necessário saber o que trafegar e, consequentemente, como segmentar. A empresa pode inicialmente enviar ações experimentais e analisar o que despertou mais interesse, conforme os pontos de cliques, que precisam estar muito bem estabelecidos.
Outra opção é aproveitar resultados já conhecidos. “Na maior parte dos casos, colocamos à disposição do cliente uma experiência muito grande em relação a estatísticas de disparos e resultados anteriores, que podem substituir testes prévios de disparo, otimizando e agilizando o resultado da campanha”, afirma Queiroz.
Informação estratégica
Após o planejamento e disparo das ações de email marketing, foco nos relatórios. Para Sabini, da VIRID, o ideal é que o operacional seja automatizado, liberando as pessoas para se concentrar nos resultados da ação.
“Toda campanha realizada com a Insight Media conta com um relatório final depois de uma semana da ação”, conta Abílio Queiroz. Neste relatório, constam informações sobre quantos e-mails foram enviados, quantos foram efetivamente entregues, quantidade de pessoas que visualizaram o e-mail e o volume de cliques gerados. Também são informados os percentuais de visualização e os de cliques alcançados. “Todos esses dados nos balizarão para auxiliar nossos anunciantes em decisões futuras, como: mudança de layout, alteração de target, mudanças de criação técnica da peça etc.”, diz.
Melhores práticas, melhores resultados
Em qualquer etapa do processo, a ferramenta de envio e gestão do email marketing faz toda a diferença. Além de oferecer detalhados relatórios de envio, a plataforma auxilia na segmentação do mailing, conforme sexo, idade, região, interesses etc. e na delimitação do público específico que o cliente deseja atingir com a ação, influindo na criação do layout e no desenvolvimento da peça.
“A plataforma Virtual Target tem uma grande importância nas ações de envio”, afirma Fernando Jorge, da BV Sistemas de Tecnologia SA. “Com ela, podemos segmentar toda a base de email e utilizar inteligência de comportamento com base no uso do nosso cliente”. A empresa envia em média oito campanhas por mês, informando sobre promoções ou notícias instrucionais, com bases distintas para cada caso.
A adoção de boas ferramentas de envio e gestão contribui também para a disseminação correta das ações de email marketing. Embora esteja no topo do ranking das ações de marketing online, o email marketing ainda tem bastante espaço a ocupar no Brasil. “Entre os big players, ele já se consolidou como estratégia de negócio e relacionamento, mas o mesmo ainda não aconteceu com o mercado SMB (Small Medium Business)”, conta Sabini, da VIRID. Há uma parcela desse segmento que precisa ser “evangelizada” sobre o real propósito da ferramenta, que não é o de facilitar disparos em massa, visão que persiste em determinados segmentos.
A adoção das corretas ferramentas de gestão, porém, minimiza esse dano. “Quando as empresas profissionais mostram que com envio em massa não se consegue entregar as mensagens a uma quantidade expressiva dos destinatários, o cliente se convence da importância de adotar as boas práticas”, diz Sabini. “Afinal, é apenas por meio delas que se consegue os melhores resultados”, finaliza.